Resposta à Valeria Soares


Valeria, minha amiga



Hoje, já nem ouço tanto o Fagner, mas já fui fagnermaníaco sim, como djavaneava e caetaneava também.No meu computador tem mais jazz e blues. Mas a saudade de ti, também é grande.

Nossa... já tinha me esquecido daquele tempo do Ensino Médio. E como eram bons aqueles recreios musicais, inventado por mim e que vocês aderiram de imediato – Não me lembro se tinha um nome específico – mas me lembro do cantinho da bossa, que cantávamos baixinho, somente músicas antigas. E do cantil que chegava pra mim no meio da aula? Eu sempre de boina – não sei por que eu usava aquilo.

Os meus LPs da Bethânia, do Fagner, do Caetano, do Vinicius, do Chico foram substituídos por CDs. Tenho a coleção completa de quase todos eles.

Eu não era tão debochado assim, como você fala. Eu era? Ok, só um pouquinho. Gostava de ver o medo nos olhos da turma pensando: ¨Quem será a vítima de hoje... ¨ Era divertido na época. Sandra Mara ficou sem falar comigo durante um bom tempo. Só voltou quando fui a vítima na sua primeira aplicação de injeção. Lembra? Fiquei com o meu magro braço roxo por dias.

E as cervejadas no final da aula com direito a orquestra muda – você pagou o maior mico em plena Praça.

O nosso hino era o samba de roda.

Lembrei da Soneide de porta bandeira – conseguia ser mais magra que qualquer um. Você me chamava de peito de passarinho – caramba! eu era muito magro também.

Também lembrei do nosso amigo Antônio e dos que foram embora cedo demais...

Magrinhas? Sim. Mas era porque ainda não sabia o que era bom de verdade. Transcendi e faz tempo...

Fico imaginando como eu podia ajudar vocês em matemática se odiava a matéria. Mas qual a matéria de que eu gostava na época? Ah, sim de matemática e física porque íamos para o fundão da sala.

Nunca tive dúvidas com relação a nossa amizade. Sempre acreditei nela. Sim, passamos por muito, continuamos amigos.

Não me lembrava do telefonema pra você sobre a morte da Elis, mas me recordo que trabalhava no Centro do Rio e não fui ao show dela pra acompanhar uns amigos no show de Bethânia no Canecão (que já não existe mais).

Somos do tempo, minha amiga, de muito mais. Somos do tempo da lealdade, de acreditar em nossos sonhos e seguir em frente. Tão diferente de agora. Somos do tempo de grandes shows em prol da democracia, de filmes e shows censurados. Lembra de Hair? Tommy? Matamos aula pra ir assistir – não éramos diferentes de qualquer estudante.

Faz muito tempo...

Eu fui mais rebelde que você, mais rebelde que tantos outros. Mas foi você que machucou o braço num desastre de carro, porque saiu cedo da escola - com dor de estomago e, em vez de ir para casa, a galera desviou o caminho e foi bater pega. A minha rebeldia era outra – coitada de minha mãe.

Não me esqueço do tempo em que eras locutora de rádio – e que voz!

Pois é amiga, já dizia a canção: ¨Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito.¨



E certamente eu tenho você nele


( Resposta ao post de Valéria http://valsoaressilva.blogspot.com/2011/08/mal-tracadas-linhas.html)