Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.
Um dia pra vadiar
Azul e branco
branco e verde
verde e azul
e eu na rede
a olhar o céu
a olhar o mar.
¨o céu
o mar¨
¨o mar
o céu¨
¨o céu
o mar¨
¨o mar
o céu¨
¨o céu...
o mar...¨
¨o cééééu
o maaaar¨
¨o ...
o...
....¨
Porto
;
Ela está triste - já chorou
e ainda vai chorar
mais e mais
É sempre assim, quando um amor acaba
alguém chora muito
muito... e o outro não.
Ela está triste e vai continuar
por algum tempo - um tempinho
- só um tempinho
É sempre assim, quando o amor vai embora
um fica
e o outro voa
voa...
Ela ficou presa ali à janela
olhando o nada - não tinha mar
- tinha céu e alguém a voar
um passarinho solto a cantar longe
muito longe...
Porque não havia mais amor
- somente dor
Ela está triste e continuará
até a chegada de um outro amor
Então que o próximo seja um pássaro azul
e traga muitos presentes para o seu ninho.
Ela está triste, muito triste
mas será até a chegada de um outro amor
E quando ele chegar
Ah, ela sorrirá e não lembrará do passarinho fujão
porque terá outro cantando em seu coração.
É sempre assim, um amor vai embora
e vem outro pra ocupar o seu lugar
Que bom que seja assim.
Entreouvidos
Coração
entreaberto
Peito
entrefechado
Almas
entrecruzadas
Corpos
entrelaçados
Vontades
entremostradas
Delírios
entreouvidos
E nestes entres todos
eu entressacho
aqui e ali
Entretanto
entreteço este texto
neste entretempo
não sei se ele entretém
ou se ele entreva
Mas o queria verdadeiramente
era fazer este entrevero
neste momento entrincheirado
menos entristecido
mais entrosado
e mesmo que tudo se torne entropia
quem diria
tudo não passa de um entreposto
do são e do louco
entre mim e eu mesmo.
Retorno
Meu bem...
aqui também tem mar agitadinho
vento fresquinho
e sereias pra apreciar.
A lua, tão sedutora,
banha sem pudor
os corpos entrelaçados na areia
Ah, sigo em meu barco pirata
- tenho outras ilhas a explorar
Trago comigo o meu punhal de prata
pra defender-me de outros corsários
que por ventura encontrar
Mas neste mundo marítimo
faço o meu próprio caminho
voltei a ser menino
olhando para este mar
e assim eu vou levando
seguindo neste ritmo
de maremar
Mas sabe,
assim que aportar
eu quero é brisa
uma rede na varanda
um pouco de preguiça
e você pra eu beijar
Meu bem...
não se apoquente
tudo isto é passageiro
está terminando Janeiro
daqui a pouco
entra fevereiro
e eu volto a trabalhar
Afinal, vagabundo
eu não sou
[bem que eu queria]
Mas pra viver neste mundo
de piratas e sereias
é necessário mais que vontade
temos que ter dinheiro
e para tê-lo... Meu bem...
Eu preciso trabalhar
Fotografia
O sol mergulha mansamente no mar
A lua surge lindamente na montanha
O azul se transformando em azul
[Claro e escuro
sol e lua
vento e maresia]
e na íris da moça
Poesia.
Voo livre
Gosto da sensação de liberdade.
Gosto de poder voar sem trela no pé.
Peia!? É somente para as bestas
Vago sem rumo. Sou folha solta carregada pelo vento.
Gosto desta sensação de vadiagem provisória.
Turista de mim mesmo. Liberdade adquirida e merecida.
Ah, isto não quer dizer que eu quero esta sensação pra sempre
– estaria mentindo se eu dissesse que sim.
Claro que eu quero, um dia, quem sabe, ter alguém pra dividir esta liberdade;
voar juntos de asas coladas e sermos vadios um do outro.
Mas enquanto isto não acontece, vou voando por aí,
atravessando mares e montanhas.
regrinando, descobrindo, vivendo.
Então:
Deixei-me no rio e fui pro mar
Deixei-me em casa e fui viajar
Deixei-me solto e fui voar
Carrego comigo o meu passarinho
sem ninho...
E nesta vida de sozinho
recebo muitos carinhos
pelos caminhos percorridos.
Sim, sou assim: vadio de mim
tenho meu coração vagabundo,
como amigo e companheiro.
Sou marinheiro só - sozinho -
arrasto o tamanco e sigo no balanço do mar.
E no tombo do navio
ah, no tombo do navio!
eu me crio, eu vivo sem culpa,sem desculpas
- e, por enquanto, nesta liberdade premiada,
vou seguindo, me permitindo
- Estou do mar.
Gosto da sensação de liberdade.
Gosto de poder voar sem trela no pé.
Peia!? É somente pras bestas!
Vago sem rumo. Sou folha solta ao vento.
Gosto da vadiagem provisória.
Turista de mim.
Liberdade adquirida, merecida.
E enquanto o amor não chega
vou criando asas, vou voando
É por aí.
Gosto de poder voar sem trela no pé.
Peia!? É somente para as bestas
Vago sem rumo. Sou folha solta carregada pelo vento.
Gosto desta sensação de vadiagem provisória.
Turista de mim mesmo. Liberdade adquirida e merecida.
Ah, isto não quer dizer que eu quero esta sensação pra sempre
– estaria mentindo se eu dissesse que sim.
Claro que eu quero, um dia, quem sabe, ter alguém pra dividir esta liberdade;
voar juntos de asas coladas e sermos vadios um do outro.
Mas enquanto isto não acontece, vou voando por aí,
atravessando mares e montanhas.
regrinando, descobrindo, vivendo.
Então:
Deixei-me no rio e fui pro mar
Deixei-me em casa e fui viajar
Deixei-me solto e fui voar
Carrego comigo o meu passarinho
sem ninho...
E nesta vida de sozinho
recebo muitos carinhos
pelos caminhos percorridos.
Sim, sou assim: vadio de mim
tenho meu coração vagabundo,
como amigo e companheiro.
Sou marinheiro só - sozinho -
arrasto o tamanco e sigo no balanço do mar.
E no tombo do navio
ah, no tombo do navio!
eu me crio, eu vivo sem culpa,sem desculpas
- e, por enquanto, nesta liberdade premiada,
vou seguindo, me permitindo
- Estou do mar.
Gosto da sensação de liberdade.
Gosto de poder voar sem trela no pé.
Peia!? É somente pras bestas!
Vago sem rumo. Sou folha solta ao vento.
Gosto da vadiagem provisória.
Turista de mim.
Liberdade adquirida, merecida.
E enquanto o amor não chega
vou criando asas, vou voando
É por aí.
MEMÓRIA
Faz tanto tempo
quase esqueci
da existência
de um dia
de uma manhã
de sol
E nós...
livres
descobertos
sem hora
banhados
por raios
solares
invasores
[Fim de verão]
Mãos entrelaçadas
tudo tinha graça
dia feliz
céu azul
nada perdido
[ainda era verão]
E no mesmo clima
sol e chuva
vento e calmaria
turbulência provocada
leveza adquirida
Faz tanto tempo
quase esqueci
deste dia de vulcão
ativo
em pleno verão.
12 de janeiro
As tragédias continuam
Até quando?
Até quando?
Trago o luto para o meu canto
neste doze de janeiro
um ano do acontecido
e nada foi feito
Até quando?
Até quando, seremos empurrados
massacrados e enterrados
pela lama do Governo?
As tragédias continuam...
Até quando?
Até quando, ficaremos de braços cruzados
olhando passivamente políticos achacarem
este povo inocente?
Até quando?
Até quando, estaremos à mercê desta gente?
Instante
Congela-se o momento
registra-se o pensamento
- flagrante de um desejar
- vontade de ficar
Céu azul
Verde mar
Areia branca
E lá longe o fio
invisível-condutor
Congela-se o instante
registra-se a fração de um pensar
tempo de remar
tempo de amar
tempo de seguir
tempo de realizar
Flaqra-se a vontade de ficar ali
ouvindo o chua das ondas
sentindo o calor do sol
Mas é tempo de prosseguir
viver o presente
ir ao encontro do futuro
guardar o passado
Registra-se então o desejo do montanhês:
mergulhar de suas montanhas e cair em seu mar.
Memorial
Encostado à parede, lá estava ele
entre as portas azuis, ele se encontrava
fixo à lente dela, ele pensava:
turbulência esquecida, presença delicada
Entre o azul e o branco a imagem congelada
eterniza-se então a história contada
Numa manhã clara de sexta, ele se encantava
admirando a delicadeza de quem o fotografava.
era mais que cor
era mais que nome
era mais que promessa
era mais que sonho
estava tudo azul
estava tudo claro
na imagem fotografada
Encostados às paredes, lá estavam eles
Ela fotografando
Ele fotografado
Entre as portas azuis, sonhos realizados
Se não foi com o outro
Se não foi com a outra
Não foram eles os culpados.
Naturalmente vagabundo
Temporariamente vagabundo
Sou assim:
sou pequeno pra esse mundo
canto, choro mas não lamento
carrego no ombro o que aguento
não invento - vou fundo.
Do meu poço cuido eu
de minha dor, só eu sei
só eu.
Naturalmente vagabundo
vago num mundo
num mundo só meu
Sou assim
Vagabundo de mim
Vagabundo sem fim
E daí?
A dor é bem maior
o choro é bem mais alto
o poço não é tão fundo
o ombro não é tão largo
e assim eu me desfaço
no fio do aço - refaço
o rótulo que eu mesmo criei.
E assim sigo no mundo
criando infinitos por onde viajarei
- misturando cores em nomes secretos
mistificados
transfixados
em meu coração, naturalmente, vagabundo.
Paratyana
No encanto das cores - os nomes.
A história-guia em esquinas coloridas
de belezas fingidas em rotas sofridas
do negro
do povo
do índio.
No encanto das cores - os símbolos.
A história-guia em réis, em reais travessias
ouro buscado, café sonhado.
No desencanto das cores - os nomes
ofuscados, perdidos.
[ bucólica melancolia. ]
Mais tarde...
Cores interligadas, cores mescladas
na arquitetura, no artesanato, na literatura e na cozinha
Para alegrar todas as classes:
pinga de primeira amarela ou branquinha.
.
Para Ty
Atravesso as cores dos portais
viajo num tempo esquecido
embriago-me em gozo permitido
caminho em direção ao cais.
Cores
cores marinhas
Cores
cores minhas
Cores que ondulam
que arranham o céu
Todas as cores nos umbrais
todas as cores imortais
todas as cores em si
todas as cores em mim
todas as cores Para ty.
Coral
(Para Magoh Wernech)
Ela vem todos os dias
- vem olhar pelas frestas.
Serpenteia silenciosamente
entre as letras impressas
Não fala nada, não escreve nada
mas deixa a digital
- o seu rastro de cobra coral.
Serpenteia sua cobra enxerida
seu veneno aqui não chega
Aqui tu não tens guarida.
Aqui tu não farás mal.
(Vou ler um pouco na rede, ver o mar e...volto na próxima semana. Deixo um beijo e um cheiro pra vocês)
BUSCA
Quando o poema não tem nome
quando a cor é inexistente
registra-se:
Tudo apagado
tudo acabado
tudo morto
Quando o poema não tem cor
quando o nome é inexistente
é fato:
Tudo no passado
tudo perdido
tudo rejeitado
tudo esquecido
Quando não há cor
quando na há nome:
Coração descolorido, desvalido
à procura , certamente, de um outro querido.
Assinar:
Postagens (Atom)