Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.
Insensato
Meu coração bebeu saudade de madrugadas amorosas e alegres
Meu coração soluçou lembranças,vontades desejadas de repetir
Meu coração tão sofredor, um dia, uma vida, te amou
Meu coração, uma vez, colou ao seu, selou amor,ficou bobo, te desejou
Meu coração que era gélido, melancólico, desvaneceu-se em tê-la
estuou-se em sabê-la e lacranou-se ao perdê-la
Meu coração que já fora um lidador,hoje devaneia acordado
é um sonhador de ti.
Paulo Francisco
Pedido
Então,
atravesse o mundo
venha na asa da canção
me dê a mão
e me leve junto
na alma desse destino
alanhado
de tanto esperar
Então,
não deixe a canção
terminar
venha na asa da paixão
abrace-me forte
recupere este corpo
exilado
quase morto
pelos lanhos da dor.
Então,
atravesse a canção
venha na asa do mundo
venha nesta paixão vivaz.
Venha...
(Postagem no piloto automático, voltando na quarta-feira)
venha na asa da canção
me dê a mão
e me leve junto
na alma desse destino
alanhado
de tanto esperar
Então,
não deixe a canção
terminar
venha na asa da paixão
abrace-me forte
recupere este corpo
exilado
quase morto
pelos lanhos da dor.
Então,
atravesse a canção
venha na asa do mundo
venha nesta paixão vivaz.
Venha...
(Postagem no piloto automático, voltando na quarta-feira)
Transparência
Quando escrevo,
minhas mãos são guiadas
pela minha alma
Eu sou assim,
simplesmente, transcrevo
o que guardo em mim
Quando escrevo,
minha alma dita
e eu obedeço
simples assim.
Paulo Francisco
Presença
Neste meu instante de amar
Nesta iminência de te
querer
Desnudo-me de qualquer obstáculo
Visto-me somente de
ti
Carrego em meu peito o teu nome
Retiro-me da penumbra
Carrego em minhas mãos a luz
E sigo contigo à Paz.
Experiência
Quando o meu amor foi maior que o mundo
transportei-me
para o orbe estelar
transmudei-me
-tornei-me sereno,
pleno
Quando a plenitude se fez existir
desvencilhei-me
das amarras do passado
desapoquentei-me
-desatei-me de cada nó da
dor
Quando tudo fora possível – se é possível tudo ser
possível
percebi que a minha carne é frágil diante da navalha
da traição
Quando todo aquele amor se tornou exil
-pela exiguidade de seus
sentimentos
retirei-me/refugiei-me
nas lembranças vãs
de um passado
morto.
Quando o meu amor foi o maior do mundo
ceguei-me
diante de ti – não via-te
simplesmente me via na
sua existência.
Quando o meu amor for de novo maior que o mundo,
transportar-me-ei para os
orbitais estelares
transmudar-me-ei
tornar-me-ei mais sereno,
mais pleno – não terei nós pra desatar.
Quando tudo for possível – se é que tudo pode ser
possível
estarei mais calejado e
mesmo cego diante do amor
mas mesmo assim quero ser pleno na arte de amá-la.
Dedicatória
Ah, essa moça que chega de mansinho
carrega consigo a magia de conquistar
- que me deixa amainado
comatoso
de tanto sonhar
Ah, essa mulher que me fascina
que mexe com as minhas retinas
- que contemplam o seu ser
Ah, essa moça que preenche
o que estava devoluto
de paixão
que recupera e rutila o meu céu,
que outrora fora esmagado,
acinzentado,
decepcionado – em desamor.
Ah, essa moça, mulher de verdade,
que afervorou o que estava entibiado
pela dor.
Que transformou meu peito morto
em peito vivo, vivo de amor.
Tu és
Tu estás nas cantilenas
nas novelas
nas revistas
nos cinemas
na voz do poeta
em todos os
poemas
entre os meu lábios
entre os meus
olhos
dentro dos meus sonhos
em todos os
amores
que ainda
estão por vir
Tu que tens todos os nomes
Maria
Ana
Sophia
Helena
Cecília
Madalena
Beatriz
Tu és mais que canção
és mais que poema
Tem todos os amores
caídos do céu.
Insone
Nunca dormi cedo
[pelo menos não me lembro desse feito]
[pelo menos não me lembro desse feito]
Sempre durmo tarde
Tenho poucas horas de
sono
mas este quinhão me
basta
Cansado fico
se passo da hora
Estressado
permaneço
Se antes me
acordam
Nunca dormi cedo
sempre durmo tarde
o pouco que durmo
me basta
Ainda não achei o tempo certo
pra dormir
ou
pra acordar
A única coisa que sei
e que é sabido por todos
que um dia dormirei
pra eternidade.
Mas antes que este dia
chegue
quero ficar mais acordado
que dormindo
assim, de olhos bem abertos
pra não perder um instante sequer
dos sonhos que ainda tenho pra realizar.
Não são muitos, eu sei
Mas são deles que sobrevivo.
Eu lírico
Um telefonema
Um dilema
Uma conversa
Uma prosa
Veste-se de forte
Protege-se em aço
Disfarça
Desvia
Fala-escuta
Escuta-fala
Declaram-se
Declamam-se
Um telefonema
Um adeus
Um adeus
Uma certeza
Não terminou
...
Poesia
De chapéu
Gosto das minhas boinas
italianas
francesas
e argentinas
Não posso deixar de citar o meu panamá
os de palhas bem caipiras
os de palhas bem praianos
e os sintéticos bem malandros
Mas pra este outono-inverno
quero um feldora
- Falta-me este de feltro
- um autêntico Borsalino
Gosto da névoa que enfeita minha cidade
gosto desse jeito cinza que prateia
meus caminhos noturnos
gosto dessas noites enevoadas
quase londrinas.
E para completá-las só falta o meu chapéu Borsalino
É só um comunicado
Não era um avião, não era um pássaro, nem tampouco o super-homem! Era o meu notebook voando e se espedaçando ao chão. Culpa minha, minha máxima culpa. Tinha acabado de descarregar o comentário de uma amiga blogueira sobre o meu último poema, quando resolvo, fotografar, de meu quarto, os relâmpagos assustadores que estavam caindo lá fora na madrugada de sexta.
Então, apoio o notebook encima de um livro que estava encima de minha cama. Abro a mochila e tiro a câmera que ali estava, e para não perder nenhum relâmpago, impulsiono o meu corpo pra frente o mais rápido possível. Saio (pulo) pelo mesmo lado onde estava o meu pobre companheiro. Levantei e ele voou, voou num voo suicida. Alavanquei o notebook ao ar.
Não tirei as fotos e tampouco pude postar até hoje.
Voltei a escrever nele depois destes 5 dias de ausência, ele estava sendo remontado e colado. Mas é certo que outro tombo (este foi o quinto) eu não o terei mais. Não há mais lugar pra tanto remendo.
Toda máquina tem uma vida útil, a minha, certamente, tem uma supervida.
Fico aqui pensando se vou conseguir outra máquina tão resistente quanto o meu quebradinho. Meu companheiro de viagens insólitas, que suporta temperaturas e ambientes diversos e está sempre pronto pra o que der e vier.
Tenho sorte com os meus amigos metálicos. Mas também não posso reclamar dos amigos que têm alma. Claro que nunca joguei nenhum deles do alto de um precipício, mas, tenho uns amigos, que seguram cada tranco meu! Sorte minha tê-los com almas iluminadas e com uma alta dose de paciência.
Nestes dias analógicos pude me dedicar mais aos livros, guardar os meus papéis espalhados sobre a mesa, limpar algumas gavetas e jogar fora o que era inútil guardar. Reservei espaço para o futuro e organizei o presente. Tem dias que é necessária uma faxina externa pra organizar o que está por dentro.
Nestes dias de calmaria, pude navegar sem as forças dos remos, deixei o barco seguir o fluxo lento do vento. Às vezes é importante nos desprendermos das amarras da mesmice e inventar uma nova paisagem; olhar pela janela e descobrir que há movimento além da esquadria.
Nestes dias de sol e chuva pude sentir a delicadeza do dia me banhando de esperança; nestes dias de manivela, pude perceber que a vida escorre para o horizonte; nestes dias de energia a carvão, pude me comunicar através de cobertores e fumaças e me senti bem feliz.
Hoje, volto ao meu mundo virtual. Mas volto, certamente, mais real.
Agora vou responder aos emails atrasados e procurar outro aparelho pela internet.
Até a próxima postagem.
P.S. Uma semana bacana pra todos vocês.
Céu far niente
(Para Maria Paula)
- flores de todas as cores
- flores-outonais
Vermelhas e lilases
Amarelas e azuis
Mas foi esta, vinda de longe
[dada por ela]
que abriu minha noite
perfumou meu quarto
transformou o meu céu
plúmbeo
num céu far niente.
Pleno
Na estrada que sigo
- flores
No caminho que traço
- amores
Nas encruzilhadas oferecidas
- decoro
No abisso surgido
- desvio
Nas paragens existentes
- pernoito
Se o caminho é árido
- florejo-o
Se a estrada é agastada
- desenfado-a
E assim vou levando a vida:
Calma/mente
Sossegada/mente
Desasanhada/mente
neste caminho que traço
amorosamente.
amorosamente.
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