Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.
LUMINARES
Ela olha para cima e se depara com um céu noturno iluminado. Iluminado pela lua, iluminado pelas estrelas. Ela se olha no espelho e vê seus olhos negros iluminados. Iluminados pelo amor; iluminados por eles – marido e filho. Ela olha para eles e vê o seu céu, o seu universo e pensa: "Eu sou um Planeta!."
SÍNTESE
Louvados sejam o céu e suas estrelas
o pássaro existente em mim
as montanhas verdes
e o mar azul
Louvado este sol que esquenta
e alimenta as nossas almas
Louvado o brilho da lua
que naturalmente ilumina
a face tua
Louvados sejam o sentir,
a vontade de estar por aqui
Não quero muito:
uma boca molhada
seios que me confortem
coxas que me abracem
mãos que caminhem em mim
corpo que me aqueça
e alimente
Não peço muito
Quero amor e paz.
MENINO(II)
Sentado à beira do cais
olhando as estrelas
pensando em ti
[é assim que me sinto]
um tanto bobo
um tanto triste
vendo o reflexo da lua
neste chão de estrelas
que não posso pisar
Aqui, imagino-te
minha
e a distância existente
traduz em saudades
a vontade de estar
perto de ti
Queria ser poeta
pra em versos contar
o tamanho do amor existente
em mim.
Mas ...
vou levando de um modo simples
[mesmo que me achem soturno]
este tempo moderno
corrido
em horas marcadas
de compromissos.
Vou driblando a saudade
a vontade em palavrasditas
de uma maneira lúdica
o meu amor por ti.
Vou desenhando corações
fazendo canções
imitando os poetas
olhando as estrelas
namorando a lua
sentado na beira
de meu cais.
[Hoje estou tão lúdico!]
DIA-NÃO
Hoje, bateu uma saudade danada.
Acordei com o peito doído.
Fiquei perdido,
esquisito...
Lembrei tanto de você
Hoje, não está sendo fácil,
um dia abafado
nublado
carregado de passado
com nuvens chumbadas
quase negras,
parideiras de melancolia.
Não está sendo fácil
ficar acordado - um martírio.
Que venha logo a tempestade
que carregue os meus fantasmas
e lave meu peito aflito.
Porque não posso acorda deste jeito
de novo amanhã.
CASULO
Não quero levantar
meu corpo pesa
minha mente enovela
em pensamentos confusos
difusos
não quero seguir
meu corpo para
minha vida cansada
não quer agir
[Estática]
corpo colado
prostrado
Não quero levantar
estou com medo
desesperado
angustiado
perdido em mim
Não quero levantar
quero ficar aqui
escondido
distante
transparente
não vou abrir a janela
a penumbra me basta
Não vou levantar
não quero ver gente
estou descontente
severo
apoquentado
não quero levantar
vou ficar aqui
escondido de mim
ROMÂNTICO II
Não tenho que medir palavras
não me importo em ser julgado
escrevo o que sinto
o que penso
Tudo bem, às vezes finjo
minto
[é necessário]
Me camuflo em felicidades
finjo ser forte
um Forte
Mas quem quer ser
um sofredor?
Não meço palavras
- elas vêm de dentro
Desancora de meu peito
E à deriva
rabisca
traduz
me e te conduz
desse jeito...
assim, ritmado
acelerado
imperfeito
é o meu jeito
de dizer:
Te-amo.
SEM
Não gosto quando não te encontro
sinto-me triste
angustiado
perdido no tempo
fico à sua espera
deitado na soleira da porta
como um vira-lata
Não gosto da sua ausência
sinto-me sozinho
sem ninho
torno-me rabugento
rosno como um gato
na janela do segundo andar
olhando a paisagem
sem poder pular
Não gosto...
Quando não tenho você
por perto
sinto-me cego
no escuro
sem pernas
Sem você!
Torno-me ineficiente
demente
paralítico...
MINHA
Quando você não vem
fico tonto
achando que te perdi
Quando você não vem
me esqueço
adormeço
pensando em ti
Quando você não vem
silencio-me
E no silêncio de meu quarto
ouço canções imaginárias
de nós dois
E na parede de meu quarto
desenho tua face
colada a minha
Quando você não vem
te faço, no imaginário,
a me sorrir...
IMAGINÁRIO
Imagino-te louca
doida de pedra
cinderela moderna
Meu imaginário
alcança seu corpo
afaga seu rosto
Imagino-te bela
esperta
levada da breca
namoradeira
sapeca
E sem afobação
vou levando
o coração retumbante
e a mente demente
de tanto desejar
Imaginário criado
forjado
pela loucura
em sã consciência
de dois amantes
a se doarem
a se amarem
até o dia raiar
E o sol que não
é meu amigo
me fez acordar.
doida de pedra
cinderela moderna
Meu imaginário
alcança seu corpo
afaga seu rosto
Imagino-te bela
esperta
levada da breca
namoradeira
sapeca
E sem afobação
vou levando
o coração retumbante
e a mente demente
de tanto desejar
Imaginário criado
forjado
pela loucura
em sã consciência
de dois amantes
a se doarem
a se amarem
até o dia raiar
E o sol que não
é meu amigo
me fez acordar.
EMPATIA
Estava escrito na parede: Eu te amo!. Quando li aquela frase, percebi que não faltava o hífen, tinha que está escrito daquela forma. Não era uma declaração; era muito mais que uma confirmação. Era um grito, a exclamação indicava o tamanho do desespero de quem escrevera.
Fiquei ali, parado, olhando o formato da letra, analisando aquele ponto de exclamação que não tinha um ponto e, sim, uma lágrima que escorria parede abaixo.
Veio-me a angústia, a necessidade de ajudar, de fazer algo para quem escrevera com tanta intensidade aquela frase. Quantas vezes senti necessidade de sair por aí, escrevendo alucinadamente tal frase, algumas vezes com o tal hífen, outras usando um t infinitamente maior, indicando como ela era importante pra mim, tão maior que o meu próprio orgulho. Quantas vezes pensei em escrever no caderno dela, bem no cantinho da folha a frase: eu te amo; quantas vezes, esta frase ficou sufocada em minha garganta; quantas vezes, ela foi embora ralo abaixo junto com espumas de um banho sofredor.
Não conseguia sair dali, a frase me paralisou. Transeuntes apressados me olhavam estranhamente, perguntando-se o que eu tanto olhava para aquela parede branca.
Eu, certamente, não estava olhando para uma parede branca; estava olhando para um desespero escrito por um batom vermelho.
Um batom que acariciou uma boca; um batom que manchou colarinhos, que se fez presente na alma de quem foi beijado por ele.
Saberia que jamais a encontraria, mas precisava ajudá-la de uma forma ou de outra. Não sairia dali numa inércia, como um simples leitor de seu desespero.
Abri a mochila, tirei uma caneta pilot azul e escrevi bem ao lado dela: Eu também amo VOCÊ.
DIA DOS PÃES
Hoje é o dia das mães. Sinto-me mãe também. Não fui, porque Deus não quis. Quando meu filho nasceu – eu pari.
Saiu de dentro de mim um novo ser. Tornei-me mais feminino. Passei a cantar para um homem, a beijar um homem. Passei a ficar acordado por causa dele - um homem. E, muitas vezes, mas muitas vezes mesmo, chorei por causa dele. Rezei, pedi a Deus.
Gosto de vê-lo bonito, de estar sempre com ele no cinema, teatro, no parque, na praia. Acaricio seu rosto com se fosse uma jóia – e ele é uma jóia rara.
Por ele, tornei-me mais homem. Passei a ser um herói sem máscara; um mestre-cuca - o melhor do mundo.
Definitivamente, eu também sou mãe. Dei banho, papinha, acalentei em meu peito, dormi abraçado, e, daria a minha vida por ele.
Perdi dias de trabalho ao seu lado, por causa de alergias, febres e cólicas. E faria tudo de novo.
Sou chamado por aí de Pãe.
Enquanto não inventarem o dia dos Pães, eu comemoro, também, com muito orgulho este dia: o dia das mães!
Saiu de dentro de mim um novo ser. Tornei-me mais feminino. Passei a cantar para um homem, a beijar um homem. Passei a ficar acordado por causa dele - um homem. E, muitas vezes, mas muitas vezes mesmo, chorei por causa dele. Rezei, pedi a Deus.
Gosto de vê-lo bonito, de estar sempre com ele no cinema, teatro, no parque, na praia. Acaricio seu rosto com se fosse uma jóia – e ele é uma jóia rara.
Por ele, tornei-me mais homem. Passei a ser um herói sem máscara; um mestre-cuca - o melhor do mundo.
Definitivamente, eu também sou mãe. Dei banho, papinha, acalentei em meu peito, dormi abraçado, e, daria a minha vida por ele.
Perdi dias de trabalho ao seu lado, por causa de alergias, febres e cólicas. E faria tudo de novo.
Sou chamado por aí de Pãe.
Enquanto não inventarem o dia dos Pães, eu comemoro, também, com muito orgulho este dia: o dia das mães!
MÚLTIPLA
Banhou-se como se fosse o último
acariciou-se como se fosse seda
aprontou-se como se fosse a noiva
e no jardim de flores amarelas
ela rodopiou como se fosse Cigana
a seduzir Dom José...
e na chegada da lua, despiu-se de Carmem
vestiu-se de seda e dormiu o sono eterno
como se fosse Madame Butterflay.
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