Ainda estou por aqui Maria
sem ideia
sem vontade
sem querer
Ainda muito triste.
No momento sem vontade de viver
Não, não quero morrer de verdade.
[Simplesmente não quero viver sem ela.]
Amanheceu, entardeceu, o sol se foi
e eu não sei como está o céu
Com lua?
Estrelado?
Metileno?
Vermelho?
Embaçado?
Não sei...
O que eu sei, Maria, que ainda há uma tristeza tingida
que aperta
que sufoca
que cobre a minha alma e a deixa sem asas.
Sei que é um momento passageiro que tudo passa e até ela
passará
Sei que eu deveria ser mais forte e derrotá-la logo
mas é uma luta interna , invisível, com lâminas poderosas
que cortam a carne em
diagonal e profundamente.
Também sei que amanhã já é setembro
e que a primavera logo chegará perfumando o vento
e, certamente, estarei melhor, mais forte e a sorrir.
Que esses cortes sazonais, essa tristeza gregoriana,
esse desgosto instalado se pulverizará como mágica.
Então, Maria, eu deixarei as canções tristes para o próximo
mês de agosto.
Paulo Francisco