Quando cheguei, eu não vi o mar
era noite
havia no céu uma coleção de estrelas
e o barulho das ondinhas numa métrica perfeita
O cheiro da brisa, aos poucos, desopilava minha alma
e a cobria de pele marinha.
Devagar fui voltando às origens:
Guardei meu corpo emprestado de montanhês
e tomei de volta o de náutico.
Mas com o passar do tempo, a saudade foi batendo
o humor foi morrendo e o coração foi querendo
a diversidade de cores nas penas dos pássaros
a aragem noturna acariciando o meu corpo
e as sombras dos morros e das florestas
transformando meus pensamentos
Quando cheguei, eu não vi o mar
era noite
havia no céu uma coleção de estrelas
e a lua despontando entre as montanhas.
Paulo Francisco