O pior de tudo é quando tenho que baixar a cabeça e olhar para os meus próprios pés.
Durmo contemplando o céu marinho, acordo com ele azulzinho. Não gosto de discursos, gosto mesmo é de poesia. Odeio conversas fiadas, mas adoro uma boa história contada.
CASAS DE BONECAS
Na casa de Claudia
Somente Eloá
Na casa de Valéria
Somente Manuela
Na casa de Luana
Carol(ina)
Na casa de Roberta
Sophia
Lá embaixo
No pé da Serra
Na casa de Simone
Tem a Manoela
No mesmo lugar
Na casa de Jane
Tem a Olga
Na casa de Clarice
Alicinha
Na casa de Marina
Somente Júlia
Na casa de Guilmara
Tem a Bruna
Na casa dessas mulheres
Bailarinas
Meninas
Na casa de todas elas
Mulheres-meninas
Meninas-mulheres
Nas casas das meninas
Têm futuro
Nas casas das mulheres
Têm sonhos
E em todas elas
Casa de bonecas
Somente Eloá
Na casa de Valéria
Somente Manuela
Na casa de Luana
Carol(ina)
Na casa de Roberta
Sophia
Lá embaixo
No pé da Serra
Na casa de Simone
Tem a Manoela
No mesmo lugar
Na casa de Jane
Tem a Olga
Na casa de Clarice
Alicinha
Na casa de Marina
Somente Júlia
Na casa de Guilmara
Tem a Bruna
Na casa dessas mulheres
Bailarinas
Meninas
Na casa de todas elas
Mulheres-meninas
Meninas-mulheres
Nas casas das meninas
Têm futuro
Nas casas das mulheres
Têm sonhos
E em todas elas
Casa de bonecas
IDIOSSINCRASIAS
Gosto de me esparramar
de ficar todo à vontade
não ouvir nada
não perceber nada
a não ser o meu livro
adoro me espalhar
nesta vida de agito
tirar uma soneca
num horário proibido
gosto de ser assim
um tanto esquisito
diferente de tudo
dormir tarde
acordar tarde
viver comigo
adoro esta vagabundice
este jeito avagarado
que só me é permitido
em feriados prolongados.
que venham todos
eu não ligo.
LABIRINTO
Estou tão afastado
não percebo o mundo
estou mudo
desligado de tudo
ando meio apagado
desnorteado
sem rumo
estou aéreo
confesso
perdido de tudo
me dê sua mão
quero voltar
me tire deste mundo
quero a luz
quero a paz
estou tão distraído
destacado
separado
te peço:
me sequestre
me leve
me resgate
para o teu mundo
PAUSE
Eu estou aqui
deitado
esperando melhorar
não estou doente
mas estou sarando
de uma vida alheada
de uma vida esquálida
não estou enfermo
mas estou tentando
fortificar-me
exorcizando o medo
escamando o tédio
estou aqui
sozinho
perene
meditando
para a vida enfrentar
amanhã
uma nova era
uma nova década
renascimento
quando eu acordar
DOIS-PONTOS
Se estou triste
me recolho
se estou feliz
me expando
sou assim
igual a todos
com altos
e baixos
reclamo do calor
reclamo do frio
acredito no beneficio
da chuva
mas não gosto
de me molhar
[mas as vezes
danço com ela]
me protejo do sol
mas reverencio
sua chegada
sou lua
sou de lua
já não aponto
para as estrelas
mas não deixo
de contá-las
não tenho medo
do escuro
mas adoro
uma luz acesa
odeio política
mas vou as
urnas a cada
dois anos
eu sou assim
comum/igual
amo/desamo
ato/desato
se estou contente
quero ver gente
se estou soturno
não vejo o mundo
apago a luz
espero tudo passar
porque tudo passa
até mesmo a minha dor
TRAVESSIA
Atravesso em versos
os meus desejos
caminho em busca
do amor eterno
mesmo que para
encontrá-lo
eu ame e desame
muitos outros
amores
venha comigo
te guio
segure minha mão
te levo
sou seu amigo
te digo:
as tardes são claras
são brancas
têm brisa
têm cheiro
atravessemos juntos
caminhos em versos
versejemos a paixão
o desejo
o encontro
venha, vamos versar
a vida.
Querida!
Inconveniente
A primavera está zangada - o inverno não quer ir embora
Implicante, ele cobre de fumaça os seus jardins
A primavera está tão zangada que não vê a hora do verão chegar
Ela tenta - aparece irradiante
Nos oferece um calorzinho todas as manhãs
Chega tão feliz colorindo tudo
[Afaga as flores]
O verde brilha, fresquinho
Mas aí o implicante vem e esfria tudo
Tinge tudo de cinza
A primavera está tão zangada que não quer mais ficar
Vai embora antes do tempo
Vai deixar o rabugento inverno se entender com o verão
Só espero que o outono não venha querendo apaziguar e deixar mais confusa esta estação
Coitada da primavera.
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