Pausa (II)



Tempo necessário para pensar
Tempo necessário para equilibrar
Tempo necessário para remover
Tempo necessário para mover
Tempo necessário para fixar
Tempo necessário para ouvir
Tempo necessário para dizer
Tempo necessário para aprender
Tempo necessário para escolher
Tempo necessário para desfazer
Tempo necessário para recusar
Tempo necessário para transformar
Tempo necessário para crescer
Tempo necessário para  o tempo
- tempo de amar -
Desnecessário pra desarmar
Tempo necessário para mim
Tempo necessário para ti
Tempo necessário para nós
Tempo necessário para a chuva
Tempo necessário para o sol
Tempo necessário para a lua
Tempo necessário para as estrelas
Tempo necessário para o vento em construção.

Masceração


Esbanjo palavras
- palavras unidas-
retalho-as,
 esmago-as,
 trituro-as
Transformo-as em pó
- pozinho de palavras.
Delas, faço meu vicio.

Anestesia


Dor aliviada
vida resgatada
Depois  de sucumbido
o que resta é a ressurreição
Que venha logo outro
e ocupe o vazio ficado
no coração.

O que sei

Sei que sentirei saudade, mas que ela não me seja perversa. Sei que chorarei por mais tempo, mas que elas, as lágrimas, não me afoguem em soluços.  Sei que outro estará em seu lugar, mas que ele, o amor, não me flagre em seu nome. Sei que um dia irei morrer, mas seria tão bom se nesse dia, pudesse estar em seu colo. Aí, todos diriam: ¨ ele viveu de amor.¨

Momento


Quando o tempo já não tem mais significado; quando a mala permanece vazia e a viagem prometida se aproxima; quando o que se leva não é pecado; quando o que se quer deixar é somente sorriso, quando a única palavra que cabe é adeus.

O amor



Todos os meus amores foram doces - cada qual com o seu sabor. Todos os meus amores foram válidos - cada qual com seu valor. Todos os meus amores fizeram-me cor. - cada qual com o seu pincel. Todos os meus amores formaram meu céu -cada qual com sua nuvem. Todos os meus amores moraram em meu coração, porque foi lá que os deixei morar. Todos os meus amores têm um nome, mas a somente um chamei de ÚNICO.

Travessia

Eu não sabia o que era. Encantava-me atravessar aquela rua de ponta a ponta. Ambulantes diversos e mulheres dançando. Nenhuma outra rua era como aquela, onde se podiam ver mulheres nuas na janela.  Eu não sabia que estava passando pela rua mais famosa do Rio. Segurando a mão de meu pai, cortávamos caminho pela Pinto de Azevedo – a rua mais frequentada do Rio de Janeiro. Eu não sabia o que era, mas encantava-me passar pela zona.

Desfile





 Entrei no blog da Eva e estava lá um monte de cores e ao fundo a música de Sergio Sampaio. Voltei aos anos setenta pelas cores e pelo bloco que coloquei na rua e nunca mais tirei.

Sou assim, um tanto louco que dorme, às vezes, de touca e brinca carnaval o ano inteiro.

Gosto de ser feliz e, sem escrúpulo nenhum, retiro-me da sombra para banhar-me em raios solares, raios coloridos como os que desejam Maria Luiza em plena segunda-feira; raios que também surgem nas Searas de versos de Lidia.

Claro que quero todas as cores, mas quero também o sabor da Viração de Yayá com tão belas imagens.

Entrei no blog da Eva e de lá parti carregado pelo vento  e no controvento  da prosa viajei.

Acendi o candelabro do amor e junto com Valeria Soares rimos e choramos a real virtualidade dos personagens de Paula Barros.

Ainda com o bloco na rua, sorri com o belo texto de Marly. É sempre um bel prazer  lê-la.
Serei sempre um aprendiz da felicidade como Loivarice.

Não, não é somente amor, é mais que isto, é Rô com o seu rosa de todos os tons!.

Não, não são momentos teus, Isa, são nossos também, e por você viajamos sempre além-mar.

Dizem que eu acredito, demasiadamente, na lua e em céus e, por isso, caio sempre do galho.  Mas como não acreditar na possibilidade de amar? Como não namorar o luar e costurar estrelas com Noemyr? Como não me derreter e me espichar como a gata da Lis  -  do flor de Lis, nas nossas madrugadas silenciosas.

Por isso, meu bloco nunca saiu da rua e com ele vou aprendendo com o Sandro Ataliba, desvendando palavras com o Heron Xavier, curtindo os textos de Ludugero, de Luis Coelho e fazendo uma leitura com a Audrey.

A vida é feita de momentos. Eu acredito na possibilidade de se amar por inteiro e não pela metade. Entende? Teoria só em dias genéricos. Quero a prática; quero verdade e não a falsidade que te enterrou.

Quero céu estrelado e não nuvens negras falseando a noite. E é por isso que in foco, vou assimilando as reflexões de Vivian e os poemas sem peias de Ivone, minha amiga querida.

Eu acredito na felicidade a dois e vejo o futuro nos multiolhares dos devaneios da menina Michele. Eu acredito na esperança de Chica em seus cantinhos. Eu acredito no Sol de Esteva e seu sonhar acordado.

E o céu? Aquele que tanto falo, e que Marly, adora brincar comigo.  Ah! Ele esta aí em cada um de vocês. No modo suave de escrever de Simone. No doce amor escancarado do no cores de meia idade que não tem medo de ser feliz. No amor eterno em algodão doce de Valéria C, nos textos ácidos da Srª Nathy.
Meu céu tem todas as cores em sua transparência e, nele, viajo com Evanir em conexões imediatas Brasil-Portugal- Espanha - Brasil.

É..., meu bloco viaja por aí, rabiscando almas com a Majoli, pintando o sete com Maria Helena. E quando posso estampo em meu bloco as fotografias de Marcio Oliveira que reflete e espelha amigos junto com Cathio e Afonso.

Com o meu bloco, vou levando o silêncio de Cristina lira; vou lendo, escrevendo e vivendo como Gisa e sua magia. Vou amando com Rosane e espiando a intimidade de curiosa.

Com o meu bloco vou descartando o pecado e mandando o meu recado. E de quando em quando vou guardando alguns beijinhos embrulhados.

Levo em meu bloco  ¨O mente hiperativa¨ ou seria Fernando? E pra recuperar o fôlego uma paradinha na Casa de Rau para prosear com Nanda e ler mais um de seus textos.

Sim, eu posso ter fugido da briga, porque sou da paz e eu não posso me perder na minha própria vida.
Sim, há quem diga que o Durango Kid quase me pegou, mas fui salvo pela nobreza de quem mora no matagal. Há quem diga que eu não sei de nada, mas o que importa nesta vida é o  relógio de corda por onde sei quanto tempo tem o tempo que ainda não chegou.

E em cima de meu carro alegórico amadeirado, construído por Lena, vejo no recanto do sol a Vera e seus lindos textos.

E com o projeto de Marcelo grito: cem por cento Brasil! E com a diversidade das cores de Solange, exclamo:
Parole! Parole!Parole!

E na reticência deste recado, deixo anunciado, com a tinta de pitangas doces, momentos fragmentados nas dos versos em reversos nos retalhos do que sou.

E depois de muitas luas, Pego emprestado de Janaina sua esferografia e quase chegando ao final da escrita, deixo para a Graça Pereira a minha reverência de sua tão bela escrita.

E mesmo não entrando com freqüência na cova do urso e a vida tem desses momentos, deixo a minha utopia ativa, porque hoje é carnaval e aqui tem de tudo um pouco: tem palavras soltas, tem flor do Lácio, tem sentimento escrito e tem muito mais, tem até espiculas de rodinha.

Eu, por mim, queria isso e aquilo Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso

É disso que eu preciso ou não é nada disso

Eu quero é todo mundo nesse carnaval...¨ Vou citando Sergio Sampaio e lendo um pouco a Escritora. Ver bons textos postados à beira mar. Vou copiando meu afilhado e dizendo: fala tu, que entre flores e livros, luar e feiticeira, façamos como Zilmar: temos que recomeçar.

E que não seja somente com cor,e que não seja somente com ação, que seja de verdade com CorAção.
Vou transgredindo neste mundo de questões e perguntando: Por que você faz poema? E  aos olhos da alma, neste mundo suspenso entre o construir e sonhar, vou levando, minhas palavras.

E na certeza que cabe mais gente nesta folia,  mas sem tempo pra puxar, vou cantando só alegria, curtindo sabor e história, e admirando o trabalho em cerâmica da Ma.

E tudo começou quando entrei no blog da Eva, puxei a cadeira, sentei e curti as cores, a musica, o texto.
Viajei entre artes e escritas e recebi de bom agrado beijos achocolatados.

E eu, quero mesmo é botar o meu bloco na rua, espelhar e espalhar amigos neste mundo de pensamentos, fotos e devaneios.

Vou caminhando e fechando o texto entre o real, o virtual e a ficção.

E nesta tremenda confusão, vou cantando o refrão:
Eu quero é botar meu bloco na rua Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender ¨ 

Bom carnaval pra todos!
Nem sei quando volto...






DESEJO
















Ah! Pudera voltar no tempo.
Pediria perdão a todos os amores esnobados.
Assim, quando voltasse,
Seria mais amado
e teria um deles comigo.
Ah! Se eu pudesse...




De bem























Se estou numa corda bamba
que ela então me balance
gosto da sensação
de viver
num movimento
pendular
porque sei
até onde posso ir
adoro os trancos
que a vida me dá
me mantém
acordado
equilibrado.

FUGITIVO


















PERDIÇÃO




E na madrugada ele vai embora
deixando para trás um rastro
de pecado saciado
entranhado na carne machucada
de uma paixão perdida
- proibida
E na madrugada ela fica
guardiã do desejo
do cheiro
nos lençóis molhados
manchados
- cheios de pavor

VIAJANTE




Muito prazer!
Sou o caixeiro
que viaja
neste céu estelar
e faço dos raios lunares
das madrugadas
azuladas
minha estrada
Em corações alheios
oferto amor
mesmo que seja
volátil o seu perfume..

Muito prazer!
Sou mais que passageiro
sou condutor de meu peito
[mesmo que rebelde
atravesse a linha da razão]
Sou eu, quem abre o peito
com as duas mãos
para que este coração
caixeiro
navegue em mundos mil
deixando o sol mais vermelho
e o céu mais azul.

Muito prazer!
Sou o caixeiro viajante
que bate porta a porta
vendendo sonhos
llibertando corações...















SÓ VOCÊ







Tentei outras bocas
Segurei em vários braços
Agarrei em muitos corpos
Caminhei com outros passos
Num mero acaso
Vago em noite frias
À procura de ti
Um encontro casual
Um drinque no bar
Arrependimento depois
Não te esqueci.

SEM RUMO



Dói
dói como uma canção
de despedida
como a perda de um membro
Dói
dói como uma ferida aberta
como uma queimadura de sol
como dói
a saudade que tenho de ti
já não canto
já não ouço
já não sei ser eu
sou pedra
sou sombra
sou dor
sou desesperança
sou desamor
e se você
não volta
me perco
enlouqueço
tenho dor
Volte!
recupera o que era teu
minha alma ainda é tua
salve esta vida
perdida
sofrida
não deixe meu coração ateu.

ALMA FELINA























Partidas e despedidas fazem parte da vida
então não venha, meu amor, com essa tristeza
cheia de nobreza - dizendo que eu não ligo
Te digo: foi bom enquanto durou
mas eu sou mesmo assim - não me fixo
sou do mundo
as correntes já foram quebradas
E com as asas brotadas navego em ares quentes
plano/voo/não corro/caminho em estradas sinuosas
não importa se tortuosas
sou vagabundo que se apaixona em cada esquina
sou volúvel
sou vadio...
Fui simplesmente um gato em teu telhado de zinco.

Ilusão



Na busca de um amor perfeito
ela se despetala
em bem e mal-me-quer
corola nua, alma nua
Perdida em camas cruas
volta sempre pra casa em mal-me-quer
Na busca de um amor -perfeito
ela se despetala
em cada esquina
em cada rima.
Seu príncipe, coitada,
é um sapo
só ela não sabe.

Confessionário

Pequei
Ah, eu pequei!
Amei-te
alucinadamente
- demente fiquei -
e não percebi
tanta rejeição
tanta sabotagem
tanta sacanagem
tanta bobagem
por parte de ti
Pequei
Ah, eu pequei!
Quando acreditei
num amor
e esqueci
que amar
é duo
é cumplicidade
é mais que vontade
é verdade
é felicidade
é viver feliz
Pequei
e não pedi
perdão a Deus
quando eu
O acusei da existência
de tamanha maldade
Pequei
Ah, como eu pequei!
Quando não acreditei
no exibicionismo
diabólico
e acusei somente
a Ele - Deus
por não ser amado
por não ser respeitado
pelo amor que tive
Ah, como eu pequei
quando acreditei
na possibilidade
de nós dois.

MONOTONIA


Aqui em casa é tudo tão igual
a mesma paisagem a admirar
um verde escuro a me cegar
mata preservada na sala
lindas montanhas no quarto
gaviões, coitados,solitários a planar
passarinhos, espertos, a fugir
é tudo tão igual...
o Sol, bem cedinho vem me dá bom dia
a Lua, tão meiga, me vigia a noite inteira
e quando a natureza zanga-se comigo
esconde de minha visão tudo isto
mas, como sou bonzinho, ela, a natureza.
vem vigiar-me num véu prateado
e quando percebe que estou triste
ela chora...
eu sei
vejo marcas na janela.
são lágrimas a escorrer
aqui em casa é tudo tão igual... eu sei.

Pó-de-arroz

Andando distraidamente pelas calçadas em Rios das Ostras, não tinha percebido ainda uma loja funerária por ali. Sorri quando vi o escudo de meu time estampado na tampa de um dos caixões. Pensei: ou o proprietário da loja odeia o Fluminense ou o ama demais. Mas ao olhar para o fundo da loja tive a certeza de que ele o amava. Tinha também estampado em outro caixão a bandeira do Brasil.

Tristeza

Quando cheguei à garagem encontrei Olga caída. Estava morta. Estranhei o silêncio das cadelas durante toda a noite e parte do dia. Mas não imaginava que o silêncio já era pelo luto da que tinha morrido. O luto demorou por mais cinco dias. Todas em silêncio. Nem um latido. Sá -  mãe de Olga - olhava-me triste e perguntava-me através de grunhidos: Por quê? Por quê?
Eu respondia: Não sei! Não sei!
Depois delas, nunca mais quero chorar por cachorra nenhuma.

A dois



Faço-me silêncio
na claridade noturna
não grito
não insisto
Permito-me sonhar
depuro-me em luz lunar
visto-me de estrelas
e clareio o meu viver
não sou Merlin nem Myrddin
me cubro de reais ilusões
O que fazer, se sou sonhador!?
Ah, nem tão louco
nem tão lúcido!
sou apenas navegante
- um bardo inspirado em teus olhos negros
Mas hoje, me faço silêncio:
não falo não insisto
Apenas a observo a sonhar comigo.

Presente de Claudia Lemos

Fraternidade tem nome: Paulo Francisco

Sol e lua
no céu da nossa                                           
afinidade
parceria
na vida
irmão
verdadeira amizade

choro e riso
festa e dor
tudo que é preciso
fraternidade
em que tempo for





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Replay

Tantos começos
e tantas tentativas
Descobertas incompletas
represadas
Metades cortadas
e almas consumidas
Velas desperdiçadas
e chamas perdidas
Caminhos criados
e pegadas apagadas
Amores abortados
e tristezas paridas
Tantos começos
e tantos finais
[marginalia vivida
vida bandida]
INFERNO ASTRAL
Recomeço na mesma filosofia