BICHOS XV


















Senhores dos mares

Mais de quatro centenas de espécies
Importantes controladores do mar
Eliminam os mais fracos e os doentes
Deixando equilibrada a cadeia alimentar

Senhores dos mares
Com vários nomes
Conhecidos são:
Azul, branco, preto
Raposa, tigre, touro
Tem limão e até salmão

Formato de martelo
A aspereza de uma lixa
Não deixemos de citar
Alguns da grande lista:
Cabeça-chata
Corre-costa
Pontas-negras
Pontas-brancas
Galha-preta
Da Groenlândia
Há quem não acredita

Na gastronomia, quem diria!
É uma iguaria
Apreciado nas mesas
De todos os dias

Na indústria cosmética
O seu óleo é empregado
Nos cremes de beleza
Para rosto delicado

Na indústria farmacêutica
Ele é encontrado
Para melhor terapêutica
Ele é indicado

Tubarão é o grande nome
Desse bicho importante
Conhecido pelo homem
Como aterrorizante


Paulo Francisco

BICHOS XIV



















Preguiça

Na mata
Não tem medo de nada
Vêm rapinas
Vem serpente
Até onça pintada
O que de real a apavora
É a crueldade da gente
Que a captura e a maltrata
Sem dó nem piedade
Macho, fêmea ou filhote
Fica à mercê da sorte
Não importa a idade
Pra matar a curiosidade
De certa imbecilidade



Paulo Francisco

BICHOS XIII













Os morcegos



Mamíferos com dentes aguçados
de frutos e insetos se alimentam
Estão sempre pendurados
torna-se mais fácil
na hora da decolagem
Medo não se deve ter
nem tão pouco manipulá-los
Lá na áfrica, quem diria!
Eles são sagrados


Paulo Francisco

BICHOS XII












Percevejo

Hum! Que cheiro!
O Maria-fedida chegou
É tão repugnante
Que ninguém acreditou

Lá vai ele caçando
Predando outros insetos
Ajudando o agricultor
Num manejo correto

Não se iluda minha gente
Tem aquele descontente
Que a seiva é sugada
Deixando a planta doente

Micetófagos ou algófagos
Tudo bem!
Fungos e algas
Eles comem também

Vivem nas matas
Em pleno equilíbrio
Mas escondidos
Nas casas
Não acredito!
É um perigo!

Hematófagos são eles
De sangue sobrevivem
Chupando nossos rostos
Doenças nos transmitem

Descobridor do protozoário
Instalado no percevejo
Chamado de barbeiro
Carlos Chagas
Orgulho brasileiro.



Paulo Francisco

BICHOS XI

















Odonata

Na água ela nasce
Por lá permanece
Predadora aquática
Nada lhe escapa
Peixinho ou girino
Em sua boca acaba
Sai da água
Adulta se torna
Voa feliz
No lago contorna
Vai à procura de seu jantar
Na água, na mata, ou no ar
De vários nomes é chamada
A predadora voraz:
Libélula
Libelinha
Lavadeira
Lava-bunda
Pouco importa
Tanto faz.


Paulo Francisco

BICHOS X





Beija-flor

Quando vejo um beija-flor
Visitando o meu jardim
Vai embora o mau humor
Que estava dentro de mim

Queria ser o beija-flor
Que Cheira o jasmim
Para sarar a dor
De quem está perto de mim.


Paulo Francisco

BICHOS IX













A mosca

Freqüentadoras de vários lugares
Atraídas por determinados cheiros
Só não são encontradas nos mares
Na mata são verdadeiros lixeiros

Na pescaria, a isca tem seu nome
Na pontaria, o melhor lhe acerta
No boxe, seu peso tem o homem
No cinema, a bilheteria é certa

Importante na cadeia alimentar
Adora pousar na sujeira
Em casa vive a nos perturbar

Cuidado! Não dê bobeira
Estou falando das moscas
Doméstica e varejeira

BICHOS VIII

























Fatal

Serpenteia em minha frente
Sua cobra mortal
Enganando muita gente
Você é fatal

Comportamento elegante
Com seu visual
Cores penetrantes
Camuflagem total

Igualmente como a naja
Sua peçonha é uma desgraça
Paralisa a nossa mente
Certamente nos mata

Não duvide de seu jeito
Tampouco da identidade
Surte o mesmo efeito
A sua integridade

Falsa ou verdadeira
Não importa mesmo não
Preservando a natureza
Tu não perdes a razão

Passando em sua frente
Deixe ir o animal
Ele é somente uma cobra
Uma cobra-coral!

BICHOS VII




Tamanduá

Ah! Lá vem o tamanduá
Com o focinho no chão
À procura de seu jantar
Formiga é a sua alimentação
Com sua cauda no ar
Anda com lentidão
Fica feliz ao encontrar
Cupim de montão.

BICHOS VI














!h! Olha lá o gambá
Trepado naquele galho
Na boca uma serpente
Ele não fica parado

Cuidado com ele!
Solta um cheiro danado
Nem com banho é tirado
O perfume do coitado

BICHOS V
















Perereca

Pula-pula toda feliz
Grudada ninguém diz
Que é de verdade aquela sapeca
Que agora tira uma soneca
Ao lado de outra perereca


Paulo Francisco

BICHOS IV



















Nossa! Que bicho é esse?


Tem a forma de um suíno
O pé de um rinoceronte
O casco de um bovino
E a tromba de um elefante

Galopa muito bem
Tem medo de onça
E da sucuri também

Bufa quando não gosta
Guincha com a dor
Assobia quando namora
Não se prende ao amor

É vegetariana e come grama
Sabe nadar e se cobre de lama
Quando vê o homem dana a fugir
Estou falando da grande tapir

Se ainda não sabes quem é
Não vou ficar nesse viés
Ela é a nossa giganta
E sem ofensas e sem drama
Tem quem lhe chame de anta.

BICHOS III





















Piolho

Que coceira danada
Na cabeça das crianças
É piolho da pesada
Não teremos folgança
Acabar com essa praga
É a nossa esperança
Na cabeça mais nada
A não ser lembranças


Paulo Francisco

BICHOS II



















A pulga

Salta como poucos
Difícil de pegar
Sempre nos deixa loucos
De tanto nos coçar
Coça cão, coça gato
Coça homem, coça rato
A picada desse bicho
Não é nada agradável
Nosso corpo é seu nicho
Cuidado temos que ter
Higiene é necessário
Para a pulga desaparecer.


Paulo Francisco

BICHOS I





















A borboleta maluquinha
A borboletinha bate as asas amarelinhas
De lá pra cá se agita maluquinha.
Tadinha! Da borboletinha!
Com medo da andorinha
Parece está zuretinha

DESABAFO

Droga!
Não - en - che!
Vai - à - mer - da!
Me - es – que - ce!
Não - a –mo - la!
Me - erre!
Vá - em – bo - ra!
Mor - ra!
Su - ma!
De – sa – pa – re - ça!
Ufa! Desabafei.

MEDO



















Quatro da manha
Corpo mexendo
Insônia necessária
Não quer sonhar

Seis da manhã
Corpo cansado
Coração apertado
Não pode aguentar

Duas da tarde
Corpo espreguiça
Perdeu o dia...
Momento de despertar

MESMICE
















Madrugada... Silêncio lá fora
Mente agitada...burburinhos
Pensamento desfeito
Realidade à porta
Corpo cansado... maltratado
Olhos cerrados... ainda tonto
Água fria ou morna?
Não importa!
Tem que ficar pronto
Pois é de manhã.

TÉDIO













Sono sem fim
Corpo cansado
Mente perdida
Vida esquecida
Ai de mim!

BARULHINHOS







































Zapt!
Chega a menina
Alegre e sapeca
Sorrir para ele
Toda faceira

Pluft!
Sentado acaba
O acanhado menino
Pensando em fugir
Fica parado
A ouvir

Toc, toc, toc
Ela caminha
Em sua direção

Bluf... bluf...
Suas bochechas
Dizem: Nããããããão!

Snack!
Fez um estalo
O beijo roubado
Naquele salão

Tum, tum, tum
Ouve do peito
O seu coração

Menino acanhado
Chamado João

E a criançada
Ali parada
Dana a sorrir
Hi! hi!hi!hi!
Que confusão!

Paulo Francisco

PASSOS



















Longos, curtos, apressados
Confusos num emaranhado
Emaranhado de gente
Gente contente
Contente em ir
Contente em voltar
Lentos, ligeiros, desengonçados.
São tantos que não dá pra contar
Engraçado! os passos da gente
Estão sempre a demonstrar
Num vai e vem danado
Que têm que chegar lá.

DIA/NOITE














Encontro-me no norte
No sul fico tonto
No leste uma surpresa
No oeste um desencontro
É sabido de sua ida
É certo de sua volta
Ela surge reluzente
Ele surge imponente
Ela vai de mansinho
E ele nem dá bola!
Tão bela a sua forma
Tão forte o seu poder
Com a lua se namora
O sol nos faz crescer
Aprendemos na escola
O que de fato são
Mas é no coração
Que sentimos a emoção.

ESTAÇÃO


Lá estava ele, sem saber quem era
parado, apontando para o alvo
sem saber se era dele ou se era dela
Lá estávamos olhando para algo
que não era ele que não era ela
Lá estávamos todos parados no tempo
olhando o alvo num só pensamento
e vazio fica depois da partida
aquele lugar onde esteve ela
Lá estava ele sem saber o que via
sem saber se ria.
parado num vai e vem invisível
Lá estava ele sem saber o que fazer
olhando sem vê a procura do nada
Lá estava ele perdido no tempo
olhando partir a mulher amada.

IRRESOLUTO
















O gato subiu no muro
Andou de um lado pro outro
Sempre olhando pro céu
Indeciso voltou ao chão
Andou de lá pra cá
Sem saber o que fazer
Parado ficou a olhar
A lua desaparecer

AQUI





















Se algum dia precisar... apareça
estou sempre aqui neste lugar
lendo um livro qualquer
rabiscando o luar
Se algum dia precisar... Não esqueça
estou sempre neste lugar
relendo algumas páginas desbotadas
marcadas pelos dedos aflitos
que um dia foi de um menino
com sede de viver

PERDIDO












O perdido homem chora
chora pelo o amor
chora pelo que perdeu
O triste homem se cala
de tanto soluçar
de tanto sofrer.

PALAVRA


Como posso escrever sobre o amor
sem mencionar o coração?
Como posso descrever a paixão existente
sem citar o desejo?
Impossível!
É com a palavra escrita que expresso com exatidão
sem vacilar os sentimentos guardados.
Está nela a mais pura declaração humana
E se às vezes me falta o ar
Também, às vezes, me falta a palavra.
Somos íntimos
Ficamos nus
Sem pudor
Posso despir-me diante dela
Sem a contemplação do rubor facial
É com a palavra gráfica que me defendo
É com a palavra glótica que acuso
Ferina como um punhal
Acalentadora como a mão materna
Palavra!
¨Mais que uma expressão linguística
É a expressão intima da alma humana.¨

Paulo Francisco

OBRIGADO PELA HISTÓRIA
























Vários olhares
para a mesma história
olhares abismados
lacrimejados
vermelhos
alguns assustados
outros espantados
vários olhares
para a mesma história
olhares de passado
de presente
de esperança
e eu ...com passado e presente
olho todos os olhares
de uma mesma historia
minha
sua
nossa história
de ontem
de hoje
de sempre
olho real
quem sabe virtual.
não importa
olhamos a história
da gente
de gente
confusa
estúpida
inocente
e quando tudo
termina
vimos a nossa
historia
numa fita
de cinema.

MENINA-BAILARINA





















A menina na ponta do pé
rodopia de braços abertos
Seus cabelos em cachos
amarelos
balançam acompanhando
sua dona
E eu fico a espiar
encantado com a leveza
da menina - bailarina
que não para de rodar
Gire menina - bailarina.
rode até cansar
e a pequena dançarina
de olhos fechados
achando ser um pássaro
em meus braços
veio se apoiar.

Paulo Francisco

PROMESSAS



















Eles prometem:
Ele
Ela
Todos prometem!
- Mas quem cumpre?
- Nenhum deles
- Nem ele
- Nem ela
É tudo balela!

ALERTA





O problema é meu
É seu
É dele
É nosso
O problema é da gente
É de gente
Humilde...
Exclusa...
Faminta...
O problema será sempre meu
Seu
Deles
Nosso
O problema é do homem.
É de quem come
É de quem tem fome
O problema... É nosso!

LÍNGUA LINGUARUDA


A língua
Coça
Entorta
Na ponta?
Vontade
Segredo?
Que quer contar
Retrai
Alonga
Enrola
Fica roxa
Desesperada
Coitada!
Não cabe
Na boca
E na hora agá
É mordida
Pra não falar.

PARADO



Estava ali parado
esperando ir
Estava parado ali
querendo ir

Estava parado
Paralisado
em você

E você passou
sem ver
sem me ver
parado ali
esperando
você.

GUERREIROS
















Ali estavam todos eles
reunidos numa disputa
de vida ou morte
soldados escolhidos
separam-se
correm
para os seus territórios
gritos
assovios
cada pelotão
organiza-se
à sua maneira
uns com camisa
outros descalços
não importa...
a batalha vai começar
marca este!
fica na retaguarda!
cuidado com fulano!
olha o sicrano ali!
a batalha vira uma festa
gritaria a cada chute
a cada drible
a bola já cansada
agoniza antes do segundo tempo
definha-se, perde o ar
os dois pelotões se reúnem
EMPATE!
correm todos por uma trilha
na verde mata
e num grito de guerra
os verdadeiros soldados
todos nus
divertem-se
na cachoeira.
Belo dia!

LIVRO


Fecho os olhos e caminho descalços pela areia fina
Espalhada para trás num andar cansado
Fecho os olhos e vejo:
Verde mar
Transparentes rios
Calmos lagos
A cabeça num inclinar lento, quase invisível...
Sinto:
A brisa de uma noite perfeita... estrelada
O arder de um sol ao meio dia
Fecho os olhos e repito passo a passo o caminhar de quem anda
Coração acelera, vapt! Um susto
Gargalhadas solitárias num banco de praça, num ônibus,
e após feliz sentimento... os olhos percorrem à procura de outros
para compartilhar tamanha felicidade
Vejo:
Continente
País
Estado
Bairro
Rua
Casa
QuartoAdicionar imagem
Cama
Naveguei em caravelas, em submarinos, em balões, em aviões
Desvendei vários estados brasileiros
Conheci a biodiversidade de meu país
Fui mocinho, fui vilão...
Enfrentei monstros, marinhos ou não
E fiz tudo isso de olhos bem abertos
percorrendo trilhas de letrinhas guardadas
num objeto chamado livro