(Para um amigo que anda distante)
vegetais falantes
homens e mulheres
alados no céu
nuvens elípticas
[me engolindo
vivo]
Eu, fugindo
do fogo amarelo
que corre
atrás de mim
flutuo
mergulho
engulo vento
invento pessoas
tudo aqui
é tão normal
angustia
agonia
delírio
vertigem
uma viagem
por dia
é sempre igual
e na mesma estação
volto
cansado
perdido
sem minha vida
anormal
quero a luz do túnel
o rosto amigo
o sorriso bendito
de um amor
que não tenho mais
os anjos se foram
já não ouço seus
bandolins
quero a embarcação
e o vento
navegar em rios limpos
ficar limpo
para passear
em seu jardim.